A Senhora do Rio Grande
A residência lembrava uma antiga canção. Ter uma casinha branca com varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer . A única moradora era uma senhora de 82 anos. Não solitária, tinha uma cachorra e um gato. Os cabelos curtos e brancos bem lisos eram moldura de um rosto de pele alva, sem rugas. Os olhos azuis se destacavam. Uma figura meio que celestial. O que a trazia visualmente para o mundo real eram os óculos de aros negros. A casa simples tinha uma cerca viva, com plantas em vasos ao longo de todo o perímetro. Tudo bem cuidado. Ela deu uma olhada geral, antes de passar a corrente e trancar o cadeado do portão baixo. Com um grande guarda-chuvas listrado atravessou a rua vagarosamente, tentando desviar da água que aos poucos ia tomando toda aquela região antes sempre tranquila, sem grandes acontecimentos. Na mão direita uma caixa azul de transporte de animais. Dentro, seus queridos bichinhos. O filho lhe telefonara aflito dizendo que, desta vez, ela tinha de sair imediatament