O meu Carnaval e The Walking Dead

Não é de hoje que dizem que carnaval é a "festa da carne". Com a picanha maturada custando mais de R$ 40 o quilo concluímos que trata-se de um evento chique, para poucos, considerando a crise econômica.

Uma foto postada mostra dois produtos lado a lado em uma drugstore: uma lata de leite em pó especial para crianças com menos de 1 ano (R$ 50) e um envelope de camisinhas (R$ 1,50). Há diversas versões e preços. A cruel comparação indica qual a obvia melhor opção econômica, mesmo não sendo a ideal em termos de prazer momentâneo.
Mas evita os chamados "filhos do carnaval", nascidos nove meses depois da folia de Momo. E de quebra garante uma proteção extra para a saúde, sobretudo no esquema "ninguém é de ninguém', no vale tudo do MMA de fevereiro.

Piadas e considerações infames à parte, a maioria brinca o carnaval sem a suposta necessária trilogia "Sexo, Drogas e Rock'nRol". Talvez "Beijos, Cervejas e Samba" soem mais light e adaptadas à nossa realidade festiva e tropicaliente.

Há críticas contundentes à suposta alienação do brasileiro nesses dias de fantasia mas, convenhamos que a galera merece um refresco, ou muitos chopps estupidamente gelados, depois do que já veio e do que virá. Pode ser Skol Beats vermelha, verde, amarela, azul ou preta também. Uma festa de cores.

Para quem gosta, tem ânimo e preparo físico para pular atrás dos blocos, trios e escolas de samba ao longo de quatro dias.
Há um certo motivo para a chamada "alienação" carnavalesca. Hoje, por exemplo, a Assembleia Legislativa aprovou à toque de caixa (literalmente) a privatização da Cedae à mando do incompetente governo estadual, atendendo ao desmando do espertíssimo governo federal. Sem entrar em discussões políticas, a ação foi vergonhosa.
Mas o tema é o período carnavalesco.

Eu já não tenho mais o necessário ânimo e disposição para essas maratonas sob o sol de 40º à sombra, entrando noite à dentro à bordo de altas consumações etílicas. Já foi o meu tempo. Há muito tempo.


Aliás à última sequência de "viradas" que me lembro de ter participado ativamente nem foi no carnaval. Foi no primeiro Rock in Rio, em 1985. Os shows começavam às 15 horas e terminavam por volta das 3 da madruga. Mal dava tempo de chegar em casa no subúrbio, descansar um pouquinho e partir de volta para a Barra.
Em retrospecto, não sei como sobrevivi, levando em conta os copos de 750 ml do chopp Malt 90 que chegavam em caminhões pipa. Bem, eu tinha vinte e poucos anos...

Minha maratona atual é de filmes, séries, livros e discos, preferencialmente com o ar condicionado ligado, à não ser que na rede (não a wi-fi) esteja soprando uma brisa fresca vinda do mar.

É possível que busque refúgio na serra, cercada de verde e riachos, ali por perto de Lumiar, como fiz ano passado. Mas uma coisa é certa: se não quiserem me encontrar procurem atrás de um bloco ou trio elétrico. O que não deixa de ser preocupante pois, segundo Caetano, "atrás do Trio Elétrico só não vai quem já morreu...". Seria eu zumbi? Acho que assistir "The Walking Dead" no carnaval pode ser a minha opção.

Comentários

  1. Estou rindo muito aqui agora. O final da crônica com Walking Dead foi ótima!!!
    Parabéns! Você é demais!
    Bjs.

    ResponderExcluir
  2. Ótima!
    Carnaval comporta diversas visões que você explorou muito bem num texto leve.
    Particularmente, odeio carnaval. Mas adoro o feriadão.

    ResponderExcluir
  3. Olá Marcos! Quanto tempo! Adoro seus textos e esse sobre o carnaval não poderia ser diferente com suas observações bem acertadas, ironia e uma cumplicidade com seus leitores. Eu também desejo fugir do carnaval. Já foi bom. Fugir pra uma mata ou praia deserta.
    Não deixe de escrever. Gostaria de ler algo seu todos os dias!
    Abraços!

    ResponderExcluir
  4. Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu. Essa associação com o zumbi foi ótima. Parabéns Marcos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Rindo com o nome dos Blocos de Carnaval

Amigo É Pra Essas Coisas

As lembranças e o agora