Quando Entra Setembro

Poderia começar essa pseudo-crônica com uma frase poética do tipo "um dourado luar sobre aquela noite tropical". Mas não estou conseguindo obter a sutileza que versos e sensações exigem.
O fato é que setembro chegou e eu tenho a impressão que existe algo fora de ordem. Não, nem tanto.
Não seria a primeira vez. Na verdade o normal é um certo desconforto com a proximidade do fim de mais um ciclo anual.
Por outro lado, qual a importância de estar "de acordo com a ordem estabelecida"?
A primavera vai chegar e com ela a sinalização de que o verão não está distante. Mas agora brilha o sol de agradável luz pálida e o panorama noturno é embalado por amena temperatura que nos convida a parar para olhar o céu.
A vida acontece entre os verões. No verão hiberna-se - próximo ao mar, se possível ou na serra - neste quente estado litorâneo.
E muita coisa aconteceu neste entre-janeiros.
Pela janela da alma vejo com lentes de vidro que eventualmente podem distorcer a realidade.
Mas minhas emoções se reportam a acontecimentos marcantes que não foram criados pelos óculos de aro azul. Acho.
Não confie em ninguém com mais de 30 anos, dizia a velha canção contracultural. Já o escritor Rui Castro alertava para não acreditar em quem pensa em escrever uma autobiografia com menos de 50. Questiono se vale a pena ler um texto que pretende fazer um balanço de 2016 em setembro. Ou é falta de assunto ou é ansiedade pelo que já aconteceu, independente do que ainda vai acontecer.
De qualquer forma, o poeta já falou que essa forma de medir e picotar o tempo é coisa que inventaram para que pudéssemos ter um recomeço a cada 365 dias.
Se falta de assunto não me é preocupante - me entregam temas a cada esquina e meus pensamentos borbulham a cada emoção pressentida - resta então a necessidade de tentar analisar os fatos ocorridos no período ou, pelo menos, registrá-los.
O que, se parece ser fácil, é na verdade um desafio, pois ninguém quer saber do óbvio já traçado exaustivamente pela mídia.
Resta-me a estratégia de focar em assuntos bem particulares: fica mais fácil descrever impressões do que é do meu interior. E aguça a curiosidade dos possíveis leitores. Saber sobre o que pensa cada um das suas próprias experiências e fatos relevantes.
Mas, ai de mim. Teria eu a mínima capacidade de explicitar conclusões racionais e emocionais, ser entendido plenamente e me submeter a possíveis julgamentos? Não tanto dos fatos, mas das minhas impressões sobre eles?
E seriam mais relevantes do que as possíveis impressões que cada um tem dos fatos de sua própria vida?
Há biografias de vidas - ou fases de vida - que merecem ser contadas. Há outras sem nenhum grau de interesse mas que, dependendo da forma como são vistas e contadas, adquirem o ar de algo grandioso.
Se confundem aqui forma e conteúdo.
E fico eu aqui enrolando e não fazendo nenhuma retrospectiva de 2016. Muito menos minhas impressões. E não conto nada de nada. E irrito os poucos que conseguiram chegar até aqui. Bem, pelo menos é setembro e, apesar do título do post, eu não vou citar "Sol de Primavera" - a mais repetida trilha sonora do mês.
Acho que vou esperar dezembro para ver o que mais vai acontecer. Aí eu conto. Vai valer a pena aguardar.
Mentira: é só para deixar meus 17 leitores curiosos. A vida de vocês é mais interessante, creiam. Nossa vida é sempre mais importante. Mas a curiosidade sobre a vida dos outros é sempre maior... É aquela história da grama do vizinho ser sempre mais verde.
Melhor mesmo é ficar com o setembro do Earth, Wind & Fire, pelo menos por enquanto,

Comentários

  1. Rararara
    Sempre muito bom Marquinhos Metamúsica!
    Um abração!

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  2. Adoro seus textos Marcos> parabéns!
    Deveria escrever mais! Bjs.

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  3. Confesso a curiosidade mas vc nos enrolou e nos conduziu até onde desejava...muito bom...aguardamos o próximo.

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  4. Boa Marcos suas impreçoes sobre setembro estão batendo com as minhas , ancioso pelo que está por vir . Um abraço do amigo Marcos Teixeira

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  5. Boa Marquinho suas impreções sobre setembro batem com as minhas , ancioso esperando algo acontecer. Abraços do amigo

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  6. Obrigado aos amigos e amigas que estão comentando tanto aqui como nas redes sociais.
    Suas palavras me servem de incentivo para continuar!
    Abraços e beijos!

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