Uma Trilha Sonora Para o Inverno

Nesta semana aconteceu o Solstício de Inverno no Hemisfério Sul. Foi quando entrou o Inverno, mais precisamente segunda-feira passada, dia 20.

A definição de "Solstício de Inverno", segundo Dr. Google (M.D.), é de ser um evento astronômico em que o Hemisfério Norte está mais inclinado na direção do sol. Estamos então ao contrário. Lógico. Verão lá, Inverno aqui.

Ah! Me lembrei! Não confundam com Equinócio, que é outra coisa, mas que eu não vou falar aqui agora senão o texto vai ficar chato e nem eu vou ter paciência de reler.

Esses períodos tinham muita importância para antigas religiões conectadas com a natureza, desde a China até a Irlanda (dos povos Celtas). Muitas celebrações destinadas à presença Divina nos fenômenos naturais, mudanças de estações e para a natureza de forma geral eram feitas. Até hoje devem acontecer em algumas regiões.

Mas, outra vez, não é objetivo destas mal traçadas linhas fazer um mapeamento de antigas celebrações. Encontrarão isso facilmente consultando o já citado e respeitável "Doutor".

Will Ackerman e seu refúgio na montanha: nada mal.
A Windham Hill é uma gravadora independente americana criada em fins dos anos 1970 por um poeta, carpinteiro e ótimo violonista nas horas vagas. William (Will) Ackerman tocava de forma diferente as cordas de aço do seu instrumento. Suavemente. Quem ouvia adorava. Seu primeiro disco foi financiado pelos amigos da faculdade. Com o sucesso alcançado veio a gravadora que por 20 anos lançou discos de música instrumental de diversos músicos conectados a uma sonoridade mais tranquila, pacífica, mas de alto nível técnico, com referências à música Folclórica, Clássica, Jazz, Fusion e New Age.

Em 1996 ele vendeu a gravadora para a BMG que depois passou para o controle da Sony Music. Atualmente não são mais lançados produtos novos pela Windham Hill, apenas coletâneas do extenso e excelente catálogo da ex-gravadora independente.

Mas Will Ackerman não parou e atualmente possui um belo estúdio de gravação, onde mora, o 'Imaginary Road Studios' em West County, região montanhosa do estado de Vermont, Nordeste dos EUA, na fronteira com o frio Canadá. Um lugar de bela natureza que reflete o tipo de música feita ali. Ele produz e lança discos de outros artistas pela gravadora West Rivers Records, especializada em música instrumental contemporânea.

Quem chegou até aqui deve estar se perguntando porque comecei com um assunto e passei para outro, sem maiores explicações.
Vamos tentar conectá-los então. Uma tradição de Will Ackerman é promover concertos de Inverno na época do Solstício. Para ele sua música e a dos seus amigos tem conexão especial com essa época. Neste caso falo do mês de dezembro, quando chega o frio no Hemisfério Norte. Se olharem a página dele poderão se certificar que já existem alguns concertos marcados para o final de 2016 (http://www.williamackerman.com).

Uma das séries de coletâneas da Windham Hill Records chama-se "A Winter’s Solstice". Eu possuo um desses CDs. Exatamente o que comemora 25 anos da criação da gravadora. São treze artistas, com músicas belíssimas. No entanto uma coisa sempre me causou estranhamento. A capa do disco traz a imagem do Inverno no Hemisfério Norte, ali mesmo na fronteira com o Canadá. Muito frio e neve na montanha. Se a música tenta traduzir isso, obviamente não é fácil a um ouvinte do Hemisfério Sul sentir uma conexão tão completa, como gostaria o artista criador. Para mim então, que nunca vi neve na vida... Ok, música é música, no entanto sempre tento ir além do simples ouvir.


Na fronteira com o Canadá: verão e inverno
Mas, vejam só, por pura coincidência, neste mês de junho, remexendo nas centenas de CDs, eis que acho o disco esquecido lá no alto da estante. Será coincidência mesmo?

O fato é que há muito tempo não fazia uma união de tempo chuvoso com temperaturas próximas dos 15 graus à noite em plena Região Sudeste. Não deu outra: peguei uma garrafa de vinho e coloquei o disco para rodar. Pela janela da minha sala não via o branco da neve. Apenas o verde de um coqueiro sob a chuva fina e as luzes da torre de uma igreja. Mesmo assim, em minha audição, consegui chegar perto do que seria um "Winter Solstice", segundo a tradição do norte frio. Bem, talvez o vinho tenha ajudado...

Quem sabe um dia vou até Vermont e, na montanha do William Ackerman (Windham Hill), escuto e vejo o som da natureza, mesmo que for em um "Summer Solstice", o que para mim, dos trópicos, já vai ser frio o suficiente, mesmo sem neve.

Mas, enquanto isso, retorno à minha realidade urbana/suburbana/rural e lembro que frio aqui é sinônimo do dia de São João, que é amanhã. E na Festa Junina não cabe trilha sonora da Windham Hill Records. Só um forró ou xote dançante. O que não é nada mal, convenhamos. Quem sabe seja uma forma diferente de celebrar, ainda que inconscientemente, o Solstício de Inverno Tropical.





Comentários

  1. Também tenho discos da Windham Hill e amo! Gostei de saber o paradeiro do Will Ackerman, pensei que ele tinha se aposentado, com aquele violão maravilhoso. A montanha que ele mora é a que deu o nome da gravadora então? Que lindo! Dá vontade de passear naquela fronteira do Canadá! Obrigado pelo texto sempre delicioso Marcos. Adoro suas impressões! Beijos.

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  2. Eu gostei foi do Xote da Alegria. Rararara...

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  3. Vlw amigo! Conhece a coleção [Americana] da W.H.? Recomendo!

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  4. Amigo, muito obrigado por mais essa maravilha.

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  5. Obrigado pelos comentários amigos!

    Grande abraço Luiz!

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