Aconteceu em um verão

Não sei se narrei aqui - com os devidos detalhes emocionais - o reencontro de minha turma da antiga Escola Técnica, 37 anos depois. Seria um longo texto e acho que ainda devo isso a mim. E aos queridos amigos daqueles saudosos tempos.
Mas ainda não será desta vez.
Depois do reencontro não perdemos mais o contato e temos realizados até mesmo pequenas viagens juntos.
Em um desses bate-papos de lembranças, foi citada uma festa de despedida que fizemos na praia, na casa de um professor. Em um verão de fins dos anos 1970.
Éramos tão jovens (isso é título de livro, acho). Essa recordação me levou a outra, de um filme que se passa em 1942, em um verão. E eu sabia que havia escrito algo a respeito e provavelmente registrado no blog do amigo Luiz Felipe Muniz.
Estava certo. Foi em 2010 e eu consegui achar o pequeno artigo que reproduzo a seguir.
Para nostálgicos, admiradores de delicadezas e românticos em geral. O filme, não o meu sofrível texto.

Houve uma vez, um verão
Na década de 1970 assisti a um filme de que nunca mais esqueci. Na verdade não me lembro com detalhes de todos os acontecimentos da trama mas, adolescente que era, ficou na memória, em linhas gerais, uma espécie de “sinopse” da história.

Ocorre que nunca mais vi esse filme. Acredito que ele esteja disponível em DVD (se estiver em catálogo) ou mesmo que passe eventualmente nesses canais de filmes antigos. Ou em Streaming.

Pode ser que eu tenha, inconscientemente, optado por assistir aquela única vez para deixar registrado o encantamento de uma mente adolescente que ainda não tinha tido uma única namorada mas que, no fundo, ansiava por uma paixão. Óbvio.

Acho que se eu falar o nome do filme e descreve-lo um pouco, vocês vão entender melhor, certo?

Chama-se “Summer of '42”. A direção foi de Robert Mulligan, baseado em um roteiro autobiográfico de Herman Raucher. Ou seja, trata-se de uma história real. São as recordações de Herman, já um senhor maduro, contando um episódio da adolescência que marcou sua vida.

Foi uma paixão de verão (em um balneário americano) que ele teve por uma mulher mais velha chamada Dorothy (a bela Jennifer O'Neill), recém-casada e carente devido à ausência do marido, que estava servindo na II Guerra Mundial.

É talvez um dos mais singelos e emocionantes registros sobre o tema “a primeira vez”, onde a iniciação sexual é tratada de forma emocional. Apesar do tema 'forte' é um hino à inocência, a um momento único. Uma lição de amor e de vida, contada de forma poética e sensível. O que não é fácil, pois além da questão 'iniciação' trata-se de um relacionamento passageiro entre uma mulher casada, mais velha e um adolescente. Isso em 1942, contado no início dos anos 1970!
A capa original do LP com a trilha-sonora

Estou falando de minhas lembranças acerca do filme. Alguns de vocês podem procurar o mesmo, assistir e... achar horrível! Os tempos são outros...

É que, para muitos, poderá parecer uma história “datada”. Não deixa de ser verdade. É o relato de uma época. Os tempos mudam e, sem nostalgia, acho que muitos jovens poderiam assisti-lo para comparar com as facilidades atuais. Isso sem querer distinguir “como melhor ou pior”.

No Brasil, com tantas adaptações de títulos infelizes, neste eles acertaram e para mim ficou melhor que o original: “Houve Uma Vez Um Verão” (acho que depois relançaram com o título "No Verão de 42"). E acredito que nunca houve um verão como aquele no cinema. Pelo menos naquela época.

Mas tem outra coisa no filme que contribuiu para que ficasse em minha memória: a maravilhosa trilha-sonora de Michel Legrand, essa sim indispensável para admiradores de boa música orquestral. Retratou de maneira impar os momentos suaves do filme.

Talvez esteja na hora de, tantos anos depois, rever essa película (antigamente chamávamos assim) e verificar se resgato as mesmas sensações. Apesar de já ter ultrapassado os 50...

Ou talvez seja melhor deixá-lo lá. Guardado, trancado, nas minhas gavetas afetivas da memória.



Jennifer O'neill

Comentários

  1. Alice in Wonderland27 de maio de 2016 às 19:13

    Obrigada pela dica Marcos.
    Sua sensibilidade sempre traz boas dicas. Que música linda!
    Beijos!

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  2. Este filme é lindíssimo,eu e minha irmã assistimos juntas na TV.Ficamos tão comovidas e envolvidas que comentamos durante dias o filme.Tem senas que jamais esqueci.Até hoje minha irmã e eu nos lembramos de Houve uma vez um verão e principalmente desta maravilhosa música.

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  3. Recebi várias mensagens de pessoas que conhecem esse filme e adoram, tem ótima memoria afetiva dele, da mesma forma que você Lu. De certa forma me surpreendeu esse fato. Achei que pouca gente conhecia ou se lembrava. Tem coisas muito legais que marcam nossa vida pra sempre.
    Obrigado pelos comentários Lu e Alice e a tod@s que mandaram mensagens.

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