Porque viajei tão pouco?
Foto de Gil Carlos |
Mas, se trata-se de algo que sempre me atraiu - conhecer o mundo - porque então nunca coloquei em prática isso?
Sempre tive mais de uma resposta na ponta da língua, mas agora não sei mais.
Questões de priorizações familiares e pessoais sempre estiveram na frente, me impedindo de ter tempo livre e/ou dinheiro suficiente.
Foto de Nando Almeida |
Abordo este tema porque nos últimos meses vários amigos tem entrado no benéfico processo de se tornarem donos de seu próprio tempo. Em outras palavras, se aposentaram ou estão em processo de aposentadoria. E mais outros tantos virão a se somar em breve a este time. Eu ainda vou ter que esperar um pouco, mas de alguns desses que se foram desta para melhor (no ótimo sentido) me chegam notícias boas de viagens diversas.
Um que que nunca tinha saído de sua cidade foi parar em Porto de Galinhas, dois outros que já viajaram muito pelo mundo desta vez foram curtir o frio no sul, um outro aventureiro está no momento na África do Sul, uma amiga chegou do Caribe, mais outro está na Europa, com passagens pela Itália, França, Holanda e Inglaterra.
O amigo Paulo, hoje, na África do Sul (mas ele não caça leões, só tira fotos) |
Também não cheguei lá, mas ouço muito falar de grupos da terceira idade viajando mundo afora.
Enfim, pensando nisso e olhando algumas fotos postadas em redes sociais por esses amigos, concluo como deve fazer bem para a mente e o espírito esse se deslocar, conhecer novos lugares, pessoas, hábitos. É algo como ler um livro maravilhoso ou ver um filme excelente, com a diferença que você está vivenciando essa "viagem" de verdade.
Pensando nisso achei o texto abaixo, de autoria do jornalista Rafael Câmara, no site Papo de Homem, um viajante compulsivo que nos brinda com boas dicas.
Para ler e começar a se planejar a curto, médio e longo prazo.
Vamos ver se desta vez começo a tomar jeito.
Foto de Lúcia Almeida |
Como viajar mais, passo a passo
"Ele, o dinheiro, é o vilão número 1 quando o assunto é viajar mais. Ou melhor, a falta dele. A não ser que dinheiro não seja um problema para você, é quase certo que terá que juntar uma poupança e economizar para cair na estrada.
Além disso, dinheiro também é um desafio em outros momentos da viagem. Quanto preciso levar? Como calcular um orçamento de viagem que seja real? E, também importante, como levar a grana comigo?
Passo 1: Defina quanto dinheiro você precisa ter
Por isso, você não vai encontrar um modelo perfeito de orçamento de viagem na internet. O máximo que você conseguirá é saber quanto outras pessoas gastaram. Se essas pessoas tiverem um estilo e roteiro de viagem parecidos com o seu, sua vida fica um pouco mais fácil.
Em segundo lugar vem o orçamento durante a viagem. É desse que vou falar a seguir. Inclui hotéis, comida, bebidas, passeios, tours, enfim, basicamente tudo. É o que você gasta no dia a dia da estrada.
Por fim, lembre-se que, caso você resolva usar o cartão de crédito, terá gastos e dívidas a quitar depois que a viagem chegar ao fim. Deixe um espaço no seu orçamento para esses compromissos.
Na primeira vez que mochilei pela Europa, gastei, em média, 70 euros por dia de viagem (sem contar as passagens aéreas e seguro, ou seja, somente aqueles gastos do orçamento durante a viagem). Dois anos mais tarde, reduzi essa média para 50 euros. Conheço gente que viaja pelo Velho Continente com bem menos que isso e já li relatos de quem viajou pela Europa gastando um euro por dia ou sem gastar nada.
Por outro lado, tem muita gente que gasta mais que meu orçamento inteiro de viagem apenas com as reservas de hotéis. Nenhum desses orçamentos está errado, são apenas diferentes.
Portanto, seus gastos dependem do tipo de viagem que você pretende fazer e dos lugares que vai visitar. Tente responder às seguintes questões:
1. Quais países e cidades você pretende conhecer?
2. Você vai viajar sozinho ou terá companhia?
3. Topa ficar em dormitórios de hostels ou quer um quarto privativo de hotel?
4. Faz questão de comer todos os dias em bons restaurantes ou pretende encarar a comida de rua (e até cozinhar)?
5. Tem algum passeio, tour ou atração que seja muito cara? Exemplo: um curso de mergulho.
6. Vai fazer compras durante a viagem?
7. Vai pagar pela hospedagem ou tem como ficar na casa de alguém, seja num amigo, parente ou uma pessoa que você conheceu no CouchSurfing?
Todas essas questões são importantes.
Se você pretende viajar sozinho, a forma econômica de hospedagem quase sempre é encarar um quarto coletivo de hostel. Se isso é fora de cogitação para você, prepare-se para gastar pelo menos o dobro. Já quem viaja em grupo - famílias ou amigos, por exemplo - pode alugar um quarto maior para todos, mantendo o preço por pessoa no patamar que você encontraria num hostel.
Ok, é complicado bater o martelo e definir o valor da viagem, mas vou deixar abaixo a minha média de gastos em algumas partes do mundo.
Antes de adotá-la, tenha em mente que eu costumo ficar em quartos coletivos de hostels, mas em lugares mais baratos fico num quarto só pra mim, principalmente quando não estou viajando sozinho. Faço questão de ter dinheiro para encarar todos os passeios e atrações que me interessam, mas não encho minhas viagens com bons restaurantes - só de vez em quando.
Bares e cervejas, no entanto, fazem parte do meu roteiro (e orçamento) de forma frequente. Em outras palavras, sou um viajante econômico, mas nem tanto. Você consegue gastar menos que eu (se quiser) e pode acrescentar mais dólares no seu orçamento, caso queira mais conforto.
Quanto gastei, por dia e sem contar passagens aéreas, nos lugares que já visitei:
Europa: 60 euros
Saiba detalhes sobre quanto custa viajar pela Europa.
Sudeste Asiático: 30 dólares
Se tiver interesse, leia o texto sobre quanto custa viajar pela Tailândia.
Nova Zelândia e Austrália: entre 60 e 70 dólares
América do Sul: 40 dólares
Leia o texto que escrevi sobre quanto custa mochilar pela América do Sul.
Canadá e EUA: 70 dólares
Hospedagem em Nova York causa choro e ranger de dentes, enquanto a Disney tem custos que devem ser pensados de forma separada.
México e Caribe: 30 – 40 dólares
Destino de resorts de luxo, o Caribe pode causar estragos no seu bolso. Ou não.
África do Sul: 40 dólares
Para ajudar a calcular a viagem
Dois sites interessantes para calcular seu orçamento de viagem são o Quanto Custa Viajar e o Numbeo. Use os dados de outros viajantes para planejar suas andanças pelo mundo, mas não se esqueça de adaptar os números para sua própria realidade.Durante a viagem, anote, dia a dia, seus gastos. É uma forma de não terminar o roteiro sem dinheiro. Ou, pior ainda, economizar mais que o necessário e terminar a viagem com dinheiro na mão.
Para isso, você pode usar o app de notas do seu celular ou buscar um aplicativo especializado. Se preferir, anote tudo num caderninho. Ao fim de cada dia, some todos os gastos e veja se você se mantém no orçamento, se precisa economizar ou se pode esbanjar um pouco.
Não entre em pânico se os gastos de um dia específico passarem muito do previsto. Isso é normal e costuma ser compensado na média de gastos da viagem.
Como conseguir a grana
Eu já escrevi, aqui no PdH, um texto com dicas práticas para economizar e viajar mais, por isso não vou me aprofundar nesse assunto dessa vez. Se você pretende viajar pelo nosso país, vale ler também o texto sobre como viajar pelo Brasil gastanto pouco.
Como levar o dinheiro
A resposta é simples caso sua viagem seja pelo Brasil: leve seu cartão do banco e sempre tenha uma boa quantia em espécie. Não confie na onipresença dos caixas eletrônicos ou das máquinas de débito. Eu já passei dificuldades por conta disso. Tipo quando cheguei em Caraíva, Bahia, só com 20 reais no bolso - e o flanelinha queria mais que isso só pra deixar o carro ficar lá.Por outro lado, quando a viagem for para outro país, aí a questão fica um pouco mais complicada. Existem várias formas de levar dinheiro para o exterior. O ideal é que você adote mais de uma - talvez até várias delas.
Caso um método dê errado, você tem de onde tirar dinheiro.
Dinheiro em espécie
O problema, claro, é a insegurança, que não é algo típico só do Brasil. Batedores de carteira e assaltantes existem em qualquer lugar do mundo - muita gente se impressiona quando descobre a quantidade de golpistas que há em Paris, todos de olho nos bolsos dos turistas.
Por isso, eu não levaria todo meu dinheiro em espécie, pelo menos não se a viagem fosse mais longa. Se for uma viagem curta, de poucos dias, pode ser uma boa alternativa. Nesse caso, separe seu dinheiro - deixe sua riqueza em dos locais diferentes, ambos seguros.
Use o cofre do hotel e pense na possibilidade de viajar com uma doleira. Se fizer isso, não tire a doleira na frente de outras pessoas e tome cuidado para não esquecê-la em algum banheiro público - eu já vi isso acontecer.
Em países onde há câmbio paralelo, como a Argentina, é bom aumentar a quantidade de dinheiro em espécie, já que a a cotação nos cartões de crédito e débito é muito pior pra você.
Cartão pré-pago (ou travel card)
Não é o cartão do seu banco, mas um feito pelas casas de câmbio. Você compra a moeda estrangeira e carrega no cartão, pagando a cotação do dia, que costuma ser um pouco mais desvantajosa (pra você) que a cotação do dinheiro em espécie. A partir daí, basta levar o cartão e pagar suas contas no débito, sem pagar taxas.Também é possível sacar o dinheiro, mas nesse caso há uma taxa, além da taxa do próprio caixa eletrônico. O IOF dos cartões pré-pagos é de 6,38%. Ou seja, você paga R$ 63,80 de imposto para cada R$ 1000.
Mesmo que você não pretenda usar esse cartão, pode valer a pena levar um com você, principalmente em viagens mais longas. Em algumas situações, quando todos os métodos falharam e eu não tinha mais dinheiro em espécie, foi o cartão pré-pago que me salvou.
Uma pessoa autorizada pode recarregá-lo para você, do Brasil, em caso de necessidade.
Cartão de crédito internacional
Não importa se você vai usar o cartão de crédito, leve um com você, para o caso de alguma emergência. E não se esqueça de desbloqueá-lo para uso no exterior. Você pode fazer isso num caixa eletrônico ou conversando com seu gerente - depende das regras do seu banco.
Cartão de débito
Use seu próprio cartão do banco, no débito e sem complicação. Você pode pagar as contas e fazer saques. Claro, pagando uma taxa para isso, que varia de acordo com o banco. A grande vantagem é a comodidade. Não ter medo da flutuação cambial é outro ponto positivo - vale a cotação do momento do débito.Por outro lado, você não acumula milhas ou, quando acumula, faz isso em menor quantidade. Em todo caso, vale também desbloquear seu cartão de débito para uso no exterior, mesmo que você não pretenda usá-lo.
Dúvidas? Deixe um comentário. E
aguarde o próximo texto, em que falaremos sobre como montar o roteiro de
viagem, pensar os deslocamentos e procurar hospedagem, enfim, organizar
toda a viagem por conta própria. E pela internet."
Rafael Sette Câmara
"Virou mochileiro ao mesmo tempo em que se tornou jornalista. Desde então, se acostumou a largar tudo para trás - inclusive empregos - e cair na estrada. Ele escreve sobre viagens no 360meridianos, mas pode ser encontrado também no Facebook e no Instagram."
"Virou mochileiro ao mesmo tempo em que se tornou jornalista. Desde então, se acostumou a largar tudo para trás - inclusive empregos - e cair na estrada. Ele escreve sobre viagens no 360meridianos, mas pode ser encontrado também no Facebook e no Instagram."
Viajar é tudo de bom. Adoooro!
ResponderExcluirE adorei as suas tentativas de explicações que na verdade é a vontade de entender. Creia, você não está sozinho. Mas a maioria não se apercebe disso. Torço que venha a fazer muitas viagens em sua vida!
Beijos.
Obrigado pelos comentários Maria Inês. Bjs.
ResponderExcluirToda viagem começa dentro da nossa cabeça.
ResponderExcluirAdoro a sensação surpreendente do inusitado e o momento da percepção de que aquela viagem que era só um pensamento é muito maior do que meu poder imaginativo pode criar.Muito boa sua abordagem.Desejo que viaje muito e escreva muito textos sobre elas.Bj
Obrigado pelo comentário Lu, você que já viajou tanto. E obrigado pela torcida! Bj.
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