Pegando Fogo

Não, o título do post não se refere àquela música do Deep Purple dos anos 1970.
Também não é sobre um ânimo extra nas condições afrodisíacas da perfomance sexual nossa de cada dia. Ou de cada semana. Ou de cada mês. Êpa! Tá piorando. Melhor parar 'por aqui' (com cacófato bem encaixado no tema).
Se fosse sobre um desses fatos, não seria nada mal, convenhamos. Vão dizer que não, sobretudo no segundo item?
Então vamos lá. Vejo cada vez menos programas de TV. Vejo TV sim, mas filmes, séries, documentários e musicais. Quando dá tempo.
Na última quarta-feira abri uma exceção e vi o programa "Saia Justa" no canal GNT (indicação de minha esposa). Esse programa já teve dias piores. O quarteto feminino que está lá atualmente é legal.
Elas tocaram em um tema que eu já conhecia, mas não com muito detalhes. Chama-se Síndrome de Burnout.
Consultei o Dr. Wikipedia que gentilmente me atendeu e informou: "A síndrome de Burnout (do inglês to burn out, queimar por completo), também chamada de síndrome do esgotamento profissional, foi assim denominada pelo psicanalista nova-iorquino Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, no início dos anos 1970.
A dedicação exagerada à atividade profissional é uma característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com satisfação e prazer termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, a necessidade de se afirmar e o desejo de realização profissional se transformam em obstinação e compulsão; o paciente nesta busca sofre, além de problemas de ordem psicológica, forte desgaste físico, gerando fadiga e exaustão."
Então tá. Assunto encerrado. O resumo acima já disse tudo.
Ok, mas que tal fazermos nosso próprio balanço?
Nos anos 1960 estimava-se que, depois do ano 2000, graças ao desenvolvimento tecnológico entre outras coisas, trabalharíamos uma média de seis horas por dia. E isso iria diminuindo gradativamente. Então eu vos pergunto neste Ano da Graça de 2015, estais trabalhando menos de seis horas ao dia? Favor computar os deslocamentos, o pouco tempo dedicado ao almoço e todos os tipos de demandas fora do serviço "oficial".
Não carece aqui saber se adoras o que faz. Mas as exigências de tempo, prazos, qualidade, preocupações genéricas, etc.
O fato é que o dia está cada vez mais veloz e o final de semana parece não dar conta da recuperação do esgotamento.
Não vou nem entrar aqui no mérito do tempo que você gostaria de dedicar a outras coisas  que ama, mas que não tem ou se tem é bem menos do que gostaria. Quesitos como estar mais tempo com pessoas que gosta, ir a um cinema, viajar, ouvir música, escrever... às vezes até sobra um tempinho, mas você está esgotado demais. Cadê o ânimo?
Eu achava que essa sensação de esgotamento por conta de tantas atividades era "privilégio" de quem está bem distante dos 25 anos, época da chamada "energia pura". Tenho concluído que não. Vejo jovens bem desanimados ultimamente.
O pior é que esse desgaste afeta o nosso humor e até a nossa personalidade e saúde. Não poderia ser diferente. Qualidade do sono deficiente e em quantidade menor do que deveria ser, pressões diversas o tempo todo, trânsito caótico... tudo vai afetando até mesmo o nosso modo de ser.
Há algo de errado nos caminhos que o mundo do trabalho e das atividades gerais estão tomando.
Precisamos de menos trabalho, menos bens de consumo, menos ruas abarrotadas de carros, menos cobranças externas, menos auto-cobranças, menos pressão de contas à pagar.
Precisamos de mais sono, mais paz, mais lazer, mais tempo para amar, mais convivência com os outros e com nós mesmos.
Precisamos de vida.
Senão iremos queimar. E não estou falando de pagar nossos pecados pós-vida. Já estamos pagando aqui mesmo.

Comentários

  1. Adorei, Marcos! Você, como sempre, com sua sensibilidade, explora os assuntos que mais importam para a qualidade de vida de nós, seres humanos. Espero que vocẽ alcance esta qualidade de vida tão almejada. Obrigada pelas impressões. Beijos

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  2. Os profissionais mais atingidos por esta síndrome são os que lidam com o público. Mas atualmente acho que todo mundo sofre.

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  3. Obrigado pelos comentários Fátima e Lena. Tento extrair desses assuntos alguma coisa que possa nos esclarecer sobre este mistério que é a vida.

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  4. Xará!
    Brilhante e oportuno, como sempre.
    Tenho refletido muito com alguns jovens sobre tais questões que, estão produzindo, de certa maneira, nosso mundo atual. Algumas vezes sinto-me meio fora d'água, démodé, mas,... vou tentando ir em frente. E, quando me deparo com esse tipo de postagem,... ganho um fôlego a mais para continuar a pensar alto com eles sobre que mundo desejam projetar e consumir.
    Embora sabedor de que não mais dispõe daquele "tempo" em que se podia viver melhor um tempo, não deixe de nos trazer suas ricas reflexões.
    Grande abraço,

    De um velho e saudoso tempo

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  5. Obrigado!
    É isso aí caro amigo. Um problema que tenho enfrentado e que me afasta de muitos amigos e coisas que gostaria de fazer. Com o complicador da idade que já não tem sido a mesma, ano após a ano. Mas vamos seguindo e tentando acertar as coisas. Antes que queimemos geral, seguindo o que o Dr. Deep Purple já nos alertava nos anos 1970...
    Abraços.

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