Tattoo You

Ao que parece os Rolling Stones, depois de mais de 60 anos de estrada, não desistiram de fazer o que os mantém vivos, a música. Seus componentes, que já ultrapassaram há algum tempo a linha dos 80, estão preparando um novo disco que sairá ano que vem. Isso segundo minhas fontes secretas. É provável que façam inclusive uma tour que poderá ser a última. Ou não. Nunca se sabe o que esperar desses senhores sobreviventes dos loucos e ótimos anos 60 e 70 (não tanto no Brasil por causa da ditadura).

O que me fez lembrar da capa do seu álbum de 1981. Nela o premiado ilustrador Christian Piper trabalhou sobre uma foto do Mick Jagger, cobrindo totalmente sua face com tatuagens tribais, tendo como base a tradição dos Maori, da Polinésia. Mas a ideia vai além pois Piper também fez um longo estudo sobre os guerreiros Samurais. Segundo ele os mais fortes teriam direito a fazer tatuagens no rosto. Uma constatação gráfica da história desses guerreiros do Rock.

Mas não só no Rock há referências à esta arte milenar que tem diversos significados, para além da simples decoração da pele. Também na clássica Música Popular Brasileira a canção "Tatuagem", de Chico Buarque, 1973, entrega a que veio: "Quero ficar no teu corpo feito tatuagem / Que é pra te dar coragem / Pra seguir viagem / Quando a noite vem / E também pra me perpetuar em tua escrava / Que você pega, esfrega, nega / Mas não lava".

Há algum tempo, mexendo nas edições que publiquei do Jornal Metamúsica (anos 1990), minha filha Marina Costa (Fotógrafa top!) me desafiou: porque eu não fazia uma tatuagem com uma das capas da publicação? Segundo ela seria um registro mais visível de uma das coisas mais legais que eu realizei e que é desconhecido por boa parte das pessoas não ligadas aos estilos musicais que eu abordava. A ideia ficou rolando na cabeça por uns meses. As capas do jornal tiveram origens diferentes mas a maioria foi de reproduções de pinturas do Cláudio Dantas. Além de ser um dos maiores do Brasil com suas belíssimas criações em óleo sobre tela, é também o exímio baterista da excelente banda Quaterna Réquiem, liderada por sua irmã, a tecladista e musicista clássica Elisa Wiermann, que foi uma das entrevistadas do Metamúsica, provavelmente em 1996.

Foi quando, ouvindo "Tattoo You" e admirando a capa, que resolvi aceitar a sugestão. Calma! Não seria no rosto e sim no braço esquerdo. No direito ficaria o nome Metamúsica, em uma letra gótica de uma das edições. A escolha natural para realizar a obra foi para a jovem Lyz Medeiros uma Designer e Publicitária que nasceu com aquele dom especial, apurado por anos de estudo e dedicação. Sua ideia foi ótima: tomaríamos como base uma das séries do Cláudio em que ele pintou vitrais com uma harpista de tempos antigos. Como seria em preto e branco, ela priorizaria o desenho, tendo como referência as pinturas. O resultado foi incrível! Valeram as quatro horas de agulhadas.

Minha vantagem ao fazer essas tatuagens de tamanho maior, já que tenho outras menores mais antigas, é que não precisarei ouvir aquelas sentenças acerca de um possível arrependimento de quando eu "ficar velho". Pois é fato que - para quem não sabe - eu já ultrapassei há algum tempo a faixa demarcatória dos 60. Para esses possíveis e amáveis críticos, aconselho apenas: tattoo you!


Postado por Marcos Oliveira em 24/10/2025

Comentários

  1. Marcos, bom dia. Meu nome Gaspar. Sou de São Paulo. Só fui descobrir o Jornal Metamúsica anos depois dele ter terminado. Consegui algumas edições com muitas dificuldades e fiquei encantado. Nunca imaginei que poderia existir uma publicação de Rock Progressivo no Brasil desse nível. Parabéns por essa incrível iniciativa. Sou seu fã. Você ainda tem exemplares estocados? Gostaria muito de adquirir pois não se encontra mais em lugar nenhum. Virou raridade igual a alguns discos. Agradeço sua atenção.

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    1. Oi Gaspar. Obrigado pelas palavras. É verdade que muitos só foram conhecer o jornal muitos anos depois e isso acontece até hoje, o que sempre me surpreende. Se na época existissem as facilidades da Internet que temos hoje, seria bem mais fácil divulgar não é mesmo?! Infelizmente eu só tenho um exemplar de cada edição, assim mesmo porque encadernei (mais de 600 páginas!), caso contrário não teria nada pois fui distribuindo ao longo dos anos.
      Para resolver essa situação, temos duas ideias: publicar em livro as principais matérias e digitalizar todos os números. Mas isso depende de patrocínio. Vamos ver… Grande abraço!

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  2. Claudio Dantas, Elisa Wiermann, Quaterna Réquiem, Metamúsica!! Só coisa fantástica! E essa tatuagem ficou massa! Tem copyright? Quero fazer uma igual! 😃

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    1. Rsrs… ficou mesmo! Vou perguntar pra incrível Lyz Medeiros se ela libera… Mas se vc for de Campos tem de fazer com ela! 😊

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    2. Que nada. Sou de Canoas, perto de Porto Alegre.

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    3. Ah tá! Terra de bandas legais como o Apocalypse do Eloy Fritsh.

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  3. Jornal incrível. O melhor do mundo no assunto. Eu assinei outras publicações do exterior e posso garantir. Vc é fera!

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  4. Marcos hoje é muito mais fácil publicar trabalhos. O seu em especial não será difícil conseguir viabilizar através de parcerias e patrocínios.Já está mais que na hora de pensar nisto. Público há.

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    1. Valeu pela força Lu! Vou pesquisar sobre isso. Na verdade não tenho priorizado como deveria, até pra atender um determinado público. Tem também o plano de um livro contendo uma seleção de crônicas que tenho publicado neste espaço. Vamos ver... Valeu!

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  5. Bom , não sou muito simpático a ideia de ter tatuagens, uns anos atrás minha filha me perguntou se eu um dia fosse fazer, qual seria, pensei muito , meus 2 últimos filhos peludos de 4 patas que partiram, meu filho peludo de 4 patas, que ainda me honra sua presença em me acompanhar ( aliás é o terceiro poodle que tenho e realmente me apaixonei pela raça) e coincidência pensei também em alguma capa da excelente publicação do Metamusica (outra grande paixão minha, sonho um dia que mais pessoas possam a ter o privilégio que tenho, ter todas as edições)sobre os Stones realmente é impressionante como
    A Música ( excelente por sinal) os mantém vivos, eu com quase 60 tempos de vida, vivo sofrendo de dores na coluna.
    Parabéns Mestre, suas linhas de texto, continuam a alegrar minha existência...

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    1. Muito obrigado por seu comentário caro amigo. Palavras que emocionam, saber que nossa iniciativa fez bem a algumas pessoas. Isso é que vale a pena. Grande abraço!

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