Impressões em uma quarta-feira cinzenta
A sentença veio de um infectologista, usando um termo bem conhecido dos amantes de futebol: depois de tanto tempo se resguardando, botar a cara na reta agora é nadar, nadar e morrer (literalmente) na praia (ou no hospital). Ok, resta-me o blog para escrever algumas impressões das minhas rotinas e observações enquanto aguardo a vacina. Seja ela de onde for. Até da Coreia do Norte estou aceitando de bom coração, juro. Que dirá se for do Putin ou do Xi Jinping! Não confio muito é nos remédios que o Trump receita.
Como de hábito, escuto música enquanto escrevo. Rodando agora o CD "A New World Record" da banda inglesa Electric Light Orchestra, cujo título pode ter um duplo sentido. Na faixa "Mission (A World Record)", há uma certa desilusão por parte de um viajante de outras paragens: "Por muitos dias viajamos de um lugar e tempo distantes / Para chegar a um lugar que eles chamam de planeta Terra / Era para haver uma celebração / Na missão do Sagrado Coração / O planeta Terra lá de cima é lindo e azul / E flutuando suavemente através de um arco-íris / Mas quando você pousa as coisas parecem diferentes aqui...". "E alguém está cantando em uma janela / Assistindo os dias passando / Quem é você e quem sou eu? / Como está a vida na Terra?". Talvez meu inconsciente tenha escolhido essa canção como trilha dessa escrita aleatória. Detalhe: o disco é de 1976.
Seguindo meus parâmetros de fazer várias coisas ao mesmo tempo, a TV está ligada com volume zerado e as imagens são de gols do Maradona, o genial polêmico que partiu direto de Buenos Aires para a eternidade nesta tarde cinza. Me lembro que, em uma visita do George Bush à Argentina, ele vestiu uma camisa com a frase "Stop Bush", com o "s" em "Bush" sendo substituído por uma suástica. Argentina em comoção, com toda razão. Maradona nunca foi apenas um jogador, era um artista e uma personalidade que marcou o século XX.A música acaba, Maradona continua goleando, só sendo interrompido por imagens de um trágico acidente de ônibus com muitas vítimas em São Paulo. Resolvo então ouvir uma playlist que ando montando no Spotify só com músicas internacionais dos anos 80. Nisso abre-se uma janela no Notebook com indicação de um vídeo do YouTube. Epa! Nunca vi esse tipo de ação coordenada. O título do vídeo é "Anos 80: 57 Cantores Que Já Se Foram". Como assim? O computador "ouviu" um cantor que já morreu em minha playlist e resolveu me mostrar uma lista da turma toda que já se foi? A informática está neste nível ou será alguma ação paranormal? Como diria o Barão de Itararé, em uma de suas frases de desconfiança, "há algo no ar, além dos aviões de carreira".
E, já que não deu pra fugir do tema, no filme "Um lindo dia na vizinhança", que assisti ontem, Tom Hanks - que representa um apresentador de TV que realmente existiu - cochicha algo no ouvido de um senhor que está com um problema terminal. Na saída, o filho deste idoso pergunta a Tom o que ele havia falado. "Pedi pra ele rezar por mim. Quem está tão perto da morte está muito perto de Deus, Ele vai ouvi-lo". Em seu pedido de orações na verdade ele estava dando um conforto para o moribundo.Em uma quarta chuvosa, com perspectiva de aumento da pandemia, partida de Maradona, acidente de ônibus, estranhas ações digitais, me lembro da frase do filme e peço a Deus por todos. Os que se foram, os que estão por aqui. Ressaltando que, ao contrário do personagem, vou bem de saúde, obrigado.
Como sempre, muito bom Marquinhos!!
ResponderExcluirMuito obrigado, caro amigo!
ExcluirMARADONA FOI O MAIOR E SUAS CRÔNICAS SÃO SEMPRE ÓTIMAS DE LER.
ResponderExcluirObrigado Thiago! Abraço!
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