Aventuras Em Um Sábado Gelado
Hoje o sábado acordou frio e chuvoso. Muito frio. O inverno resolveu dar as caras já no final de agosto. Coisas deste clima que já não sabe muito bem o que fazer diante do comportamento desses estranhos seres chamados humanos.
Levantei por volta das 8 e achei que seria boa ideia colocar os aparatos de malhação - tênis, short, camiseta de tecido sintético Dry Fit - e finalmente retornar para a academia. Nada mal dar uma corrida na esteira ouvindo rock nos fones de ouvido, já que as músicas das caixas de som costumam ser um tipo de "bate estacas" desanimador.
Só que me lembrei que elas tiveram a liberação de funcionar mas com restrições. Uma delas é em relação aos grupos de risco. E entre esses está um, chamado "idoso", que no Brasil legalmente é a partir dos 60. Os médicos concordam com essa visão, pelo menos com relação a pandemia que nos assola. Em outras palavras, aos 6.1 estou proibido de entrar naquele estabelecimento de promoção da saúde.
Provavelmente lá na portaria deve ter uma bela jovem com uma lista na mão conferindo quem tenta entrar. Como se fosse aquela lista de convidados em festas privativas.
Senhor, infelizmente não pode entrar por enquanto, ela dirá. E pensará mas não me dirá: porque não fica quieto em casa vendo um filme, lendo ou ouvindo música eletrônica minimalista ambiental? Não, essa última ela não pensará porque provavelmente não sabe que isso existe.
Passei então para a outra opção: sair na chuva e no frio e dar uma breve corrida - apesar de uma certa rinite crônica - afinal havia acordado animado, fato raro nesta era "covídica". Além do mais, com certeza o número de pessoas na rua vai ser próximo de zero, ponto a favor para quem deve evitar ao máximo os contatos externos.
Antes de colocar os apetrechos e de levar bronca da esposa pela ideia dissonante, abro o WhatsApp e leio uma mensagem repassada por um amigo que já digo daqui a pouco do que se trata.
Já contei aqui, em pelo menos dois textos, histórias sobre a minha habilidade de subir em árvores e outras escaladas semelhantes que vem lá da infância hiperativa. Em um deles conto uma tragicomédia que me aconteceu aos 9 anos e que pode ser lido aqui: Minha Vida e o Pato.
O outro fala de uma escada vertical que tenho de subir para chegar no meu telhado cheio de antenas, caixas d'água e bela vista da cidade: O Domingo e a Bomba D'água.
Me lembrei disso porque de certa forma estão ligados à minha ideia de ir na academia e/ou sair no frio e chuva pra correr e o citado texto do WhatsApp. No artigo um cardiologista pergunta de que morreu o famoso apresentador Gugu Liberato. "De uma queda de poucos metros em sua casa quando fazia uma atividade banal", responderão todos. Negativo. A causa primeira foi uma decisão errada. Aos 60 anos ele deveria se cercar de mais segurança em todas as atividades, segundo o médico.
É fato que nossa geração tem cada vez mais deixado para trás o conceito de "velhice", pelo menos até os setenta e tantos, vide nossos astros musicais, dos Rolling Stones à Gilberto Gil, Caetano e Chico que ainda joga bola nos domingos, aos 76. Mas isso não significa que estamos efetivamente com 25.
De vez em quando tenho de travar essa batalha pra me lembrar disso. "Gugu acreditou ter condições físicas e cognitivas para subir em um lugar perigoso e negligenciou o risco de queda", disse o cardiologista.
Subir naquela escada meio assustadora, sair de camiseta no frio e chuva, encarar uma academia com o Sars-CoV-2 circulando entre os jovens por ali...
Ainda no banheiro da suíte, por volta das 08:30 h, com o barulho da chuva fina e fria que caía, resolvi permanecer de pijama. Concluí que a jovem da portaria teria razão: nada de aventuras. Melhor programa para este sábado gelado é ficar em casa, lendo um bom livro, vendo um filme e ouvindo música eletrônica minimalista ambiental, boa trilha sonora para as reflexões e histórias contidas nesta crônica que, aliás, parece não levar a lugar nenhum pois é este exatamente o objetivo: ficar quieto.
Nossa! Excelente! Parabéns! Melhor ficar em casa mesmo.
ResponderExcluirSem dúvida...
ExcluirObrigado!
Depois dessa crônica aí é que eu fico em casa mesmo! Kkkkk
ResponderExcluirMelhor coisa a fazer,sem dúvida.
Excluir:)
Eu gostei foi dessa música eletrônica minimalista ambiental. Pode dar uma relação de outros músicos que fazem isso? Serve para meditação. Obrigado!
ResponderExcluirJk, procure no Spotify a minha Playlist "Transcendent Introspection: Minimalist Electronic Ambient Music"
ExcluirComo queria ter ficado em casa neste sábado frio.
ResponderExcluirO desfecho foi, auspicioso!!!
Abraço
Pois é... Imagino. Muitos gostariam de ficar mas tinham compromissos. Mas amanhã, domingo, esse tempo continua assim. Abraço.
ExcluirJá estou seguindo! Muito obrigado!!!
ResponderExcluirQue bom! :)
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