Sábado de faxina musical

Manhã de sábado. A diarista está fazendo a faxina geral e vai chegar breve onde estou, em meio a livros, LPs, CDs e Fitas Cassete (ou K7).
Sim ainda tenho essas fitas.Os discos de vinil dispensam comentários pois é mais fácil encontrar colecionadores dessas estranhezas. Mas fitas K7?
Houve um tempo distante em que só se conseguia ouvir som no carro com essas estranhas peças, fora o rádio AM.
Aí fazíamos nossas coletâneas e gravávamos nos aparelhos 3 em 1 ou encomendávamos na saudosa Caiana Discos. Para ouvir no aparelho Pioneer do Fusca, Chevete, Fiat 147 e assemelhados. Anos 70.
Mas tudo muda o tempo todo no mundo, como dizia o Lulu Santos. E uma das transformações mais radicais dos últimos tempos foi exatamente a forma de ouvir música.
Na verdade com um Notebook ou Smartphone e uma pequena caixa de som via Bluetooth, você acessa  todas as rádios e músicas do mundo.
Não precisa mais aparelhagem de som, muito menos de CDs, discos de vinil, fitas. Até mesmo a "novidade" pen-drive com centenas de músicas já está quase obsoleto, devido a esses provedores de música em streaming, tipo Spotify e Deezer, onde se prepara a playlist que se quiser com um simples click.
Semelhante aos bilhões de livros, disponíveis na tela de um tablet relativamente barato.
O que se tornou, convenhamos, uma boa solução para a arquitetura de apartamentos nos grandes centros, cada vez menores, onde não há como projetar a criação de grandes estantes para essas pré-históricas amenidades colecionáveis.
Não posso dizer que parei lá no século XX pois possuo acesso e utilizo todas essas facilidades atuais. No entanto não abro mão das minhas raridades museológicas, incluindo os aparelhos que tocam essas coisas. É o espírito de colecionador aliado a uma nostalgia juvenil. O prazer de manusear e a forma de ouvir me parece bem diferente da música na nuvem: nesse caso não me sinto dono da música, não posso "pegá-la". Sentimento de quem comprou o seu primeiro disco em 1977. E era a trilha sonora do filme "Saturday Night Fever", com Bee Gees e cia, fornecendo som para os rebolados do John Travolta.
A diarista se aproxima perigosamente das minhas coleções, dá um olhar preocupado para as estantes como a se perguntar como limpar aquilo tudo. Fica meio assustada e ainda nem abriu os gavetões.
"Pode deixar, já comecei a fazer a faxina aqui, deixa tudo comigo nesta área da casa", aviso. Ela dá um suspiro de alívio e um leve sorriso. Sai para outro cômodo. Eu continuo fazendo minhas arrumações enquanto rola "Rua Ramalhete" do Tavito, que eu tenho em LP, Fita K7, CD, mp3 e nas playlists do Spotify e Deezer.
Acreditem, esse é um pequeno texto de auto-ajuda. Para vocês ficarem tranquilos com suas pequenas manias e gostos estranhos. Relatando esta minha história poderão concluir que estão em situação de normalidade.
Quanto ao meu Psiquiatra, ele ainda não recomendou Rivotril. Mas me mandou comunicá-lo imediatamente se eu resolver comprar um Gramofone do início do século XX!

Comentários

  1. Uma bela maneira de curtir a manha de sabado, na normalidade de quem vive ao sabor dos generos musicais, e os sabem todos com maestria incomum. Saudades, amigo, de nossos papos e das normalidades desta nossa curta estadia neste recanto da Lactea!!! Forte abraco!

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    1. Valeu meu amigo. Obrigado pelas palavras. Saudades também de nossos papos. O tempo passa rápido... Grande abraço!

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