Chega de Saudade

O sujeito era desafinado.
Cantava baixinho, voz minúscula.
Tocava violão parecendo ser um músico de limitadas capacidades. Básico do básico.
Creditado como "inventor" real da Bossa Nova, que nada mais é que um sambinha Zona Sul, de harmonias e melodias bem restritas.
Porque então todo esse respeito à João Gilberto?
Provavelmente mais uma daquelas jogadas da imprensa musical que entrona e destrona quem quiser, de acordo com os modismos.
Enfim, paciência...

Escreveria essa introdução há algumas décadas.
Demorei a entender a importância da Bossa Nova para a MPB.
Demorei a entender a importância da Bossa Nova para o Jazz americano dos anos 1960.
Demorei a concordar que João Gilberto era a essência, início e permanência, da Bossa Nova.
Demorei a perceber que os ecos da Bossa Nova se estendem até hoje, mesmo na música eletrônica.

A obra que lançou os fundamentos do novo estilo, "Chega de Saudade", foi lançada no ano que nasci, 1959.
Entre os diversos itens analíticos que se pode fazer da Bossa Nova e de seu criador, o que mais me encanta é a aproximação de ritmo com música suavemente relaxante. Isso há 60 anos era impensável, pois estavam em extremos opostos. João promoveu isso que se estende hoje em estilos como Lounge e Chillout.

A Bossa Nova é a única invenção da música popular brasileira que influencia até hoje muito do que é feito no mundo inteiro em termos de formas de criação musical. Embora muitos não se deem conta disso.

Perdemos hoje um gênio da música mundial, cada vez mais pobre de gênios.

Descanse em paz João. Obrigado!








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