Indo Devagar. No Blog e na Vida.

Alguns dos 17 amigos leitores deste espaço e do blog do Luis Felipe Muniz tem me perguntado se desisti de externar minhas impressões, uma vez que não tenho postado ultimamente.
Verdade. Mas não desisti não. O problema é que, além da tão cantada falta de tempo, ainda tive um leve problema de saúde em janeiro. Estava nadando no mar com minha filha quando senti uma forte dor na coluna se estendendo em algumas direções. Coração? Não. Coluna mesmo. Alguns daqueles discos (que não são musicais) andaram se deslocando do lugar em que deveriam permanecer e pressionaram nervos que se dirigiam a um dos braços. Resultado: dor e dormência contínua no braço e mão direitos. Como digito muito e rapidamente tive que me poupar para continuar trabalhando. Medicamentos e Pilates já estão me colocando no eixo, sem necessidade cirúrgica, que chegou a ser ventilada.
Enfim, não dava para utilizar os teclados - a não ser muito lentamente no meu ganha-pão - que não são os blogs, como sabem.
Aos poucos voltarei - para alegria de alguns e tristeza de muitos - a movimentar esses espaços virtuais. Provavelmente no segundo semestre.
Enquanto isso, de vez em quando, postarei aqui algumas coisas interessantes que eventualmente me chegarem aos olhos e que valham a pena compartilhar.
É o caso deste artigo do americano Leo Babauta, escritor que criou entre outros livros o best-seller "O Poder do Menos". Ele tem um blog nos EUA que conta com mais de 200 mil seguidores!
O objetivo é tomar como base algumas perspectivas de monges budistas e tentar aplicar essas ideias em nossa estressante labuta diária para que possamos estar mais vivos e menos estressados.
Vale a pena ler. Lentamente.
E não se trata de perder tempo.
A ideia é ganhar cada minuto, estando presente nele: recuperar de volta nossa vida que anda passando sem que percebamos.
E tudo de forma bem simples.


Sorrir, respirar, ir devagar. Como viver como um monge zen
Por Leo Babauta

"Eu não sou um monge zen, nem nunca me tornarei um. No entanto, encontro grande inspiração na forma como eles tentam viver suas vidas: a simplicidade, a concentração e atenção dedicada a cada atividade, a calma e a paz que encontram em seus dias.
Você provavelmente não quer se tornar um monge zen também, mas você pode viver sua vida de uma forma mais zen, seguindo algumas regras simples.
Por que viver como um monge zen? Porque: quem entre nós não quer dispor de um pouco mais de concentração, tranquilidade e atenção em nossas vidas? Porque:  Monges zen, por centenas de anos, têm dedicado suas vidas para estarem presentes em tudo o que fazem, para serem dedicados e para servirem aos outros. Porque:  isso serve como um exemplo para as nossas vidas, e mesmo se nós nunca realmente chegarmos a esse ideal, não é o ponto.
Um dos meus monges zen favoritos, Thich Nhat Hanh, simplificou as regras em apenas algumas palavras: "Sorria, respire e vá devagar." Não existe nada melhor do que isso.
No entanto, para aqueles que gostariam de um pouco mais de detalhes, eu pensei em compartilhar algumas das coisas que descobri  trabalhando muito bem minhas experiências com a vida zen. Eu não sou nenhum mestre Zen ... eu não sou nem mesmo um zen budista. No entanto, descobri que existem certos princípios, que podem ser aplicados a qualquer vida, não importa sua crença religiosa ou seu padrão de vida.
Faça uma coisa de cada vez. Esta regra (e algumas das outras que se seguem) será familiar para os leitores que de longa data tem hábitos zen. É parte da minha filosofia, e é também uma parte da vida de um monge zen: uma tarefa de cada vez, não fazer multitarefa. Quando você está despejando água, apenas despeje água. Quando você está comendo, apenas coma. Quando você está tomando banho, apenas se banhe. Não tente liquidar algumas tarefas enquanto come ou toma banho. Provérbio zen: "Ao caminhar, caminhe. Quando comer, coma. "

Fazer cada tarefa lentamente e deliberadamente. Você pode fazer uma tarefa de cada vez, mas também pode apressar essa tarefa. Ao invés disso, faça-a no seu tempo, e mova-se lentamente. Faça as suas ações deliberadas, não de modo apressado e  aleatório. É preciso prática, mas ajuda se você se concentrar na tarefa.
Fazê-la completamente. Ponha sua mente totalmente na tarefa que está fazendo. Não mude para a próxima tarefa até que você a tenha terminado. Se, por alguma razão, você não tem escolha e tem que mudar para outra coisa, tente, pelo menos, colocar de lado a tarefa inacabada para ser terminada depois. Se você prepara um sanduíche, não comece a comer até que você arrume as coisas que você usou para prepará-lo sem varrê-las para debaixo do balcão, e lave os pratos utilizados na preparação. Em seguida, você finalizou essa tarefa, então pode se concentrar mais inteiramente na próxima tarefa.
Faça menos. Um monge zen não leva uma vida preguiçosa: ele acorda cedo e tem um dia cheio de trabalho. No entanto, ele não tem uma lista interminável de tarefas ou - há certas coisas que ele vai fazer hoje, e nada mais. Se você fizer menos, você pode fazer essas coisas mais lentamente, de forma mais completa e com mais concentração. Se você preencher o seu dia com tarefas, você estará correndo de uma coisa para a outra, sem parar para pensar sobre o que você faz.
Leo Babauta

Coloque espaço entre as coisas. Relacionada com a regra "Faça menos", mas é uma forma de gerir a sua agenda para que você sempre tenha tempo para concluir cada tarefa. Não agende coisas juntas - em vez disso, deixe espaço entre elas em sua programação. Isso lhe dá uma agenda mais flexível, e deixa espaço, para o caso de uma das tarefas demorar mais tempo do que o planejado.
Desenvolva rituais. Monges zen têm rituais para muitas coisas que eles fazem, desde comer, limpar, até meditar. Ritual dá às coisas um senso de importância - se é importante o suficiente para ter um ritual, é porque é importante o suficiente para que seja dado toda a atenção, e seja feito lentamente e corretamente. Você não tem que aprender os rituais de monge Zen - você pode criar os seus próprios, para preparar alimentos, para comer, para a limpeza, para o que você faz antes de iniciar o seu trabalho, para o que você faz quando você acorda e antes ir para a cama, para o que você faz antes do exercício.
Designe tempo para certas coisas. Há certos momentos do dia de um monge zen designado para determinadas atividades. Tempo para banho, tempo para o trabalho, tempo para a limpeza, tempo para comer. Isso garante que essas coisas sejam feitas regularmente. Você pode designar tempos para as suas próprias atividades, quer seja de trabalho ou de limpeza ou de exercício ou de contemplação silenciosa. Se é importante o suficiente para fazer regularmente, considere sempre designar um tempo para isso.
Dedique tempo para sentar. Na vida de um monge zen, meditação sentada (zazen) é uma das partes mais importantes do seu dia. Cada dia existe um tempo designado apenas para sentar. Esta meditação é realmente a prática de aprender a estar presente. Você pode dedicar tempo para a meditação sentada, ou fazer o que faço: Eu uso a corrida como uma maneira de praticar estar presente. Você pode usar qualquer atividade da mesma maneira, contanto que você a faça regularmente e pratique estar presente.

Sorria e sirva aos outros. Monges zen gastam parte de seu dia no serviço aos outros, seja aos outros monges no mosteiro ou a pessoas do mundo exterior. Isso lhes ensina humildade, e assegura que tenham uma vida sem egoísmos, mas dedicada aos outros. Se você é um pai, é provável que você já tenha usado  pelo menos parte do seu  tempo, no serviço aos outros, em sua casa, e aqueles que não são pais também já podem ter feito isso. Da mesma forma, sorrindo e sendo gentil com os outros pode ser uma ótima maneira de melhorar a vida das pessoas ao seu redor. Considere também ser voluntários em trabalhos de caridade.
Faça com que a limpeza e o ato de cozinhar se tornem uma meditação. Além do zazen mencionado acima, cozinhar e limpar são duas das peças mais exaltadas do dia a dia de um monge zen. Elas são, ambas, grandes formas de praticar a atenção plena, e podem ser grandes rituais realizados a cada dia. Se cozinhar e limpar parecerem tarefas chatas para você, tente fazê-las como uma forma de meditação. Coloque toda a sua mente nessas tarefas, concentre-se, e  faça-as devagar e completamente. Isso pode mudar o seu dia inteiro (bem como deixá-lo com uma casa mais limpa).
Pense sobre o que é necessário. Há pouco na vida de um monge zen que não é necessário. Ele não tem um armário cheio de sapatos, ou a última tendência de roupas. Ele não tem uma geladeira e armários cheios de besteiras, de comidas e objetos inúteis. Ele não tem as mais recentes invenções, carros, televisores ou ipod. Ele tem roupa básica, abrigo básico, utensílios básicos, ferramentas básicas, e a comida mais básica (comem comida simples, refeições vegetarianas que consistem geralmente de arroz, sopa de missô, verduras e legumes em conserva). Agora, eu não estou dizendo que você deve viver exatamente como um monge zen - certamente não. Mas serve como um lembrete de que há muito em nossas vidas que não é necessário, e pode ser útil para nos fazer pensar sobre o que realmente precisamos, e se é importante ter todas essas coisas que nós temos e que não são necessárias.
Viva de maneira simples. O corolário da regra 11 é que se algo não é necessário, você provavelmente pode viver sem ele. E assim, viver de maneira simples é livrar sua vida ao máximo das coisas desnecessárias e não essenciais que puder, para dar espaço ao essencial.Claro, o que é essencial será diferente para cada pessoa. Para mim, minha família, minha escrita, minha corrida e minha leitura são essenciais. Para outros, ioga e passar tempo com amigos íntimos pode ser essencial. Para outros, será se cuidar e ser um voluntário e ir à igreja e colecionar histórias em quadrinhos. Não há nenhuma lei dizendo o que deveria ser essencial para você - mas você deve considerar o que é mais importante para sua vida, e abrir espaço para isso através da eliminação de outras coisas menos essenciais em sua vida.


Diretrizes para um modo de vida correto

Consuma conscientemente.

Coma com consciência e gratidão.

Pause antes de comprar e veja se a sua respiração está adequada.

Preste atenção aos efeitos da mídia que você consome.

Pause. Respire. Ouça.

Quando você se sentir compelido a falar em uma reunião ou conversa, faça uma pausa.

Respire antes de entrar em sua casa, local de trabalho ou na escola.

Ouça as pessoas que você encontrar. Todas as pessoas são budas.

Pratique gratidão.

Observe o que você tem.

Seja igualmente grato pelas oportunidades e pelos desafios.

Compartilhe alegria, não negatividade.

Cultive a compaixão e a bondade amorosa.

Observe onde a ajuda é necessária e seja rápido em ajudar.

Considere as perspectivas dos outros profundamente.

Trabalhe pela paz em muitos níveis.

Descubra a sabedoria.

Cultive a mentalidade "não sei" (= curiosidade).

Encontre conexões entre os ensinamentos budistas e sua vida.

Esteja aberto para o que surge a cada momento.

Aceite as mudanças constantemente."

Fontes: Revista Oásis e Zen Habits.

Comentários

  1. Finalmente te vejo de volta.
    É bom ter notícias e saber que está bem.
    E que não nos abandonou.
    Cada vez mais precisamos dos temas que você levanta, sempre com gentileza.
    Obrigada. Beijos.

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  2. Uau!
    Que bom retorno!
    Desejo-lhe recuperação completa e retorno total ao blog e também do Luiz Felipe.
    E bota Rock Progressivo amigo.
    Mas o Nightnoise foi a escolha adequada ao tema.
    Feliz em voltar a manter contato!
    Abração.

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  3. Alice in Wonderland8 de abril de 2016 às 13:20

    Olá!
    Você não mandou notícias! Esqueceu que seus leitores se afeiçoaram a você. Sim é uma bronca. RS.
    Já disseram, o importante é que está bem e que não abandonou definitivamente os blogs.
    E que ótimo retorno! Vou ler e reler. Estou precisando disso. Vida que muda, como você diz, não é?
    Beijo!

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  4. Sabe Marcos,enquanto lia o texto transportei-me a Tailândia.Lembrei-me dos monges que vi durante minha passagem por lá,eles estavam em diversas partes de Bancok,todos de vestes laranja.A impressão que tinha é que eles de alguma forma significavam o equilíbrio daquele lugar...Adorei o texto e sua volta ou meia volta!bj

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  5. Prezados Maria Inês, João Carlos e Alice, obrigado pelos comentários. Sim, andei sumido mas devagar vou retornando. Agradeço o carinho e a atenção com o nosso Blog! Abraços!

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  6. Oi Lu. Bom te ver aqui!
    Seu depoimento é importante por reforçar a visão passada pelo autor: você esteve lá e percebeu isso. Que bom! Dicas de vida que já comprovaram seus benefícios. Obrigado por seu depoimento. Bjs.

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  7. Oi Lu. Bom te ver aqui!
    Seu depoimento é importante por reforçar a visão passada pelo autor: você esteve lá e percebeu isso. Que bom! Dicas de vida que já comprovaram seus benefícios. Obrigado por seu depoimento. Bjs.

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  8. Mininu, que texto bom!!! Aliás como sempre né? Que prazer relê-lo....rs

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