Eternamente Jovem?

Para muitas coisas, ao longo desta não tão longa vida, tenho buscado encontrar respostas.
Algumas merecem o tempo perdido ou "achado", outras nem tanto.
Nunca saberei.
Como dizia o Raul (Seixas), "duas coisas me preocupam na vida: a verdade do universo e a prestação que vai vencer".
Citaria diversas aqui (questões existenciais), mas teria que dar um mínimo de explicação sobre cada uma delas. Não tenho tempo.
Então vou falar apenas sobre uma. Sim é ele: o tempo.
Nem isso. Só vou postar aqui dois videos da mesma música gravados em épocas diferentes pelos mesmos protagonistas (no caso apenas o cantor e um dos tecladistas).
A canção fala por si, no entanto o hiato de tempo em que foram registrados talvez mostrem em suas entrelinhas e nos rostos dos dois, mais respostas que a própria música.
Mas tem que "filosofar" para entender e se emocionar sobre o que significa a passagem do tempo, de não sermos eternos, muito menos jovens para sempre.

A banda alemã Alphaville conseguiu razoável sucesso no ano de 1984 com o lançamento de seu primeiro disco. Emplacaram três músicas como sucesso mundial, sendo o maior deles esta melódica balada "Forever Young".
O grupo fazia parte da geração "Synthpop", que explorava as facilidades dos novos sintetizadores digitais.
Se o primeiro vídeo mostra-os na fase áurea da juventude, o segundo é o registro ao vivo da comemoração dos 30 anos de lançamento da música, já em 2014.
Como se vê, para eles também não foi possível permanecer eternamente jovens, mesmo com o "hino" fazendo essa exclamação (e interrogação). Também não viverão para sempre.
Emblemático assistir a esses dois momentos e entender a letra da canção (a tradução está no segundo vídeo).

Depois que completei meio século de vida (há um certo tempo, confesso), a questão existencial do passar do tempo e da vida tornou-se um foco pelo qual de vez em quando debruço minha lupa de questionamentos.
Um fato recente veio reforçar isso. Com a ajuda das redes sociais conseguimos reunir 37 anos depois(!) o grupo de amigos que se formou na Escola Técnica no ano de 1978. Foi um acontecimento marcante, inédito e histórico para todos nós. Rever os amigos tantos anos depois (quase quatro décadas!) foi acima de tudo emocionante.
Mas despertou aquela série de perguntas sobre os caminhos pessoais que foram trilhados e a ação do passar do tempo em cada uma daquelas existências, agora maduras, não mais os jovens sonhadores de 1978. O que é, afinal, o processo natural do existir.

Nos dois registros de "Forever Young" não encontrei respostas, apenas uma irônica constatação do óbvio: elas não existem. Precisamos viver apenas. Não eternos jovens, mas com um espírito jovem e uma visão de acordo com o momento que estamos vivendo.
Vivenciar o presente - nem que ele seja a contradição de cantar um refrão como "Eu quero ser eternamente jovem" ou "Você realmente quer viver eternamente?" - aos cinquenta e tantos anos.



Comentários

  1. ALICE IN WONDERLAND29 de maio de 2015 às 22:25

    Mais uma crônica maravilhosa de sua safra de pérolas!!!
    Obrigada e muitos beijos.
    Chorei!

    ResponderExcluir
  2. LINDA, LINDA!
    BOA PERCEPÇÃO SUA DE DESCOBRIR E COMPARAR ESSES DOIS VIDEOS!

    ResponderExcluir
  3. Parabéns, Mestre Marcos Oliveira! Como sempre, maestral!

    Alexandre Spinelli

    ResponderExcluir
  4. Muito bom Marcos. A situação se complica mesmo é depois dos 50. Pois é... Interessante a jogada de mostrar os dois clips com 30 anos de diferença! Abração!

    ResponderExcluir
  5. (Do Facebook):

    Meu amigo, gosto muito dessa música e sua crônica ficou excelente...parabéns pelo texto!!! Em 2012 eu consegui reunir 27 amigos do Colégio Luiz Reid, a escola em que fiz o ginásio entre 1974 e 1977 em Macaé. Foi emocionante, depois de 40 anos, rever pessoas que se conheceram como crianças e agora adultos, estavam ali com seus respectivos cônjuges, filhos etc. Após o encontro surgiram muitas reflexões sobre o tempo, a vida e as escolhas que fazemos.

    Hoje, completados 51 anos, cheguei à conclusão que o envelhecimento é um processo natural e não deve ser visto como um castigo, como muitos dizem por aí, mas como uma bênção. Exemplo: se não envelhecermos não veremos nossos filhos crescerem e trilharem seus próprios caminhos.

    Acredito que se manter com espírito jovem é ser ousado o suficiente para, ao ver os resultados das escolhas, ter a coragem de recomeçar se for necessário, mas aceitar bem que as experiência anteriores servem de ponto de referência para o porvir.

    Lembrei-me da trilha sonora do filme Highlander, O Guerreiro Imortal, feita pelo Queen, e da música "Who Wants to Live Forever":

    Who wants to live forever?
    Forever is our today
    Who waits forever anyway?

    O passado é história, o futuro é incerto. Vivamos plenamente o momento atual, que nos é dado de presente. Abração!!!

    https://www.youtube.com/watch?v=mXsI9qF35bM

    ResponderExcluir
  6. Agradeço todos os comentários e visitas ao blog, caros amigos e amigas!
    Boa semana!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Rindo com o nome dos Blocos de Carnaval

Amigo É Pra Essas Coisas

As lembranças e o agora