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Mostrando postagens de 2019

Um Estranho Encontro no Festival

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Costumo dizer que Jazz é uma música noturna. Bom pra ouvir depois que a luz do dia se vai e a noite avança, com uma taça de vinho por perto. A obra "Round Midnight" talvez tenha me influenciado nesta percepção. A exceção é se o dia livre for frio e chuvoso. Neste caso o espírito noturno parece se apresentar e o clima pede um bom livro, ao som de "Kind of Blue" de Miles Davis, "Time Out" do Dave Brubeck Quartet ou "Ballads" de Jonh Coltrane. Já o vinho depende do horário. Melhor que seja mais tarde mesmo. O feriado prolongado tem sido assim e tenho aproveitado para colocar as audições em dia, sobretudo em relação aos meus discos da gravadora alemã ECM Records, que há décadas vem editando uma espécie de Jazz minimalista, mais lento e leve, diria mais espiritualizado, embora esta seja uma percepção bem subjetiva. Mas só parei agora em frente ao Notebook para tentar contar uma coisa que me ocorreu hoje. Está acontecendo um festival de Jazz e

Minhas Gravações Musicais

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Rob Fleming, protagonista do romance "High Fidelity" (que foi muito bem adaptado para o cinema por Stephen Frears, com John Cusack no papel principal) do inglês Nick Hornby, tem duas manias, fazer listas tipo "cinco mais" e gravar fitas cassete para os amigos contendo suas músicas preferidas. Dono de uma decadente loja de discos de vinil e com problemas nos relacionamentos amorosos, nas listas de Rob entra tudo: os cinco maiores foras que já levou das namoradas; os cinco melhores episódios das séries que acompanhou; os cinco melhores filmes; os cinco melhores discos, etc. Não estou nesse time de " top five ". Já no outro quesito, de gravar músicas para os amigos, é um saudável hábito que me acompanha há uns 35 anos, mais ou menos. No começo eram as fitas cassete, igual ao Rob. Jovens nem devem saber o que são fitas K7, mas eu ainda as tenho, juro. Eram registros feitos em aparelho tipo 3 em 1, do disco de vinil ou do rádio FM, direto para as fitinhas.

Tentando viver no momento presente

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Hoje acordei, levantei, atravessei o closet , entrei no banheiro e fiquei com preguiça de tomar um banho. Resolvi então lavar o rosto e escovar os dentes. Saí do banheiro, cheguei no quarto e deitei mais um pouquinho. Depois de alguns minutos levantei, atravessei o closet , entrei no banheiro, fiquei com preguiça de tomar um banho. Resolvi então lavar o rosto e escovar os dentes. Epa! Algo estranho. Porque estou repetindo frases na crônica? É que aconteceu mesmo! Só me dei conta porque alguns segundos antes de escovar os dentes pela segunda vez, senti o sabor da pasta. Apesar de parecer, não é Alzheimer, ainda. O que houve então? Perda momentânea de contato com a realidade? Nesse caso um Neuro é indicado e talvez uma tomografia seja recomendável. Não. Não é bem isso. Tenho percebido, e isso não é de hoje, que faço as coisas pensando em outras. Aquela velha história, bem conhecida, do piloto automático: você chega ao local para onde estava dirigindo e nem se lembra do percurso qu

O domingo e a bomba d´água

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Primeiro domingo de agosto. O vento frio consegue se esgueirar por entre finas frestas na janela que eu nem sabia que existiam. Faz um barulho de filme de suspense, reforçado pelas gotas da chuva que batem no vidro. Dia excelente para permanecer debaixo do cobertor por mais tempo, já pensando nas comidas e bebidas que o dia pede: café expresso na manhã, massas & vinho no almoço e uma sobremesa bem calórica logo a seguir.  A música que combina com essa temperatura é Jazz ou Fusion bem suave. Me lembrei do disco "La Notte", que não escuto há tempos: uma emocionante criação do pianista norueguês Ketil Bjornstad baseado no filme homônimo do italiano Michelangelo Antonioni, de 1961, estrelado por Jeanne Moreau e Marcello Mastroianni.  Claro que filmes e livros cabem neste domingo e terão seu momento, provavelmente ao cair da tarde, pois confesso não estar muito animado para a missa dominical das 18 horas. Mas farei minhas orações, em que pese ser eventualmente apon

Sábado de faxina musical

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Manhã de sábado. A diarista está fazendo a faxina geral e vai chegar breve onde estou, em meio a livros, LPs, CDs e Fitas Cassete (ou K7). Sim ainda tenho essas fitas.Os discos de vinil dispensam comentários pois é mais fácil encontrar colecionadores dessas estranhezas. Mas fitas K7? Houve um tempo distante em que só se conseguia ouvir som no carro com essas estranhas peças, fora o rádio AM. Aí fazíamos nossas coletâneas e gravávamos nos aparelhos 3 em 1 ou encomendávamos na saudosa Caiana Discos. Para ouvir no aparelho Pioneer do Fusca, Chevete, Fiat 147 e assemelhados. Anos 70. Mas tudo muda o tempo todo no mundo, como dizia o Lulu Santos. E uma das transformações mais radicais dos últimos tempos foi exatamente a forma de ouvir música. Na verdade com um Notebook ou Smartphone e uma pequena caixa de som via Bluetooth , você acessa  todas as rádios e músicas do mundo. Não precisa mais aparelhagem de som, muito menos de CDs, discos de vinil, fitas. Até mesmo a "novidade

Chega de Saudade

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O sujeito era desafinado. Cantava baixinho, voz minúscula. Tocava violão parecendo ser um músico de limitadas capacidades. Básico do básico. Creditado como "inventor" real da Bossa Nova, que nada mais é que um sambinha Zona Sul, de harmonias e melodias bem restritas. Porque então todo esse respeito à João Gilberto? Provavelmente mais uma daquelas jogadas da imprensa musical que entrona e destrona quem quiser, de acordo com os modismos. Enfim, paciência... Escreveria essa introdução há algumas décadas. Demorei a entender a importância da Bossa Nova para a MPB. Demorei a entender a importância da Bossa Nova para o Jazz americano dos anos 1960. Demorei a concordar que João Gilberto era a essência, início e permanência, da Bossa Nova. Demorei a perceber que os ecos da Bossa Nova se estendem até hoje, mesmo na música eletrônica. A obra que lançou os fundamentos do novo estilo, "Chega de Saudade", foi lançada no ano que nasci, 1959. Entre o

O prédio sombrio e as lembranças de uma vida solar

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Ontem, bela manhã de sol de outono, caminhando pelos arredores do Aterro do Flamengo e jardins do Palácio do Catete, mais uma vez me deparei com aquele prédio. Tinha me esquecido dele. Ainda estava ali e passando por reformas. Tirei uma rápida fotografia e segui meu caminho. Me lembrei que havia postado algo sobre o tema mas não recordava se era apenas uma foto nas redes sociais ou se tinha chegado a escrever um texto um pouco mais longo. A foto de ontem eu postei no Instagram e qual não foi a minha surpresa ao ver o comentário de uma pessoa que havia morado ali por alguns anos, em época relativamente recente. Em rápida conversa ele me pediu para enviar o link da crônica, caso eu realmente a tivesse escrito e a encontrasse... Mais um motivo para tentar descobrir. Não é o Alzheimer (ainda) mas são tantas as anotações e registros que às vezes fica difícil lembrar. Enfim encontrei em um dos blogs. Foi escrita em agosto de 2017 e segue da mesma forma, sem possíveis "atualizaçõe

Bem-vindo aos Sessenta

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Lá pelos anos 90 ouvi falar sobre uma vacina contra gripe. Eu me gripava todos os anos. Não estava disponível ainda na rede pública nem particular (que eu soubesse). Resolvi escrever um documento para o setor médico de minha empresa sugerindo a adoção da aplicação dessa forma de prevenção em todos os empregados. Estava certo que reduziria o número de afastamentos do trabalho nas épocas mais frias do ano. Me responderam agradecendo e informando que tal fato estava em estudos. No ano seguinte a prática foi implantada e desde então a gripe sumiu das minhas doenças anuais. O que me faz lembrar de um amigo de longa data que, em sua gaiatice, me chamava de "frágil". A piada não estava longe de ser uma verdade mas havia exagero, claro. Há poucos anos me aposentei e tive que começar a arcar com o custo da tal vacina anual, algo em torno de 150 pratas. Na sexta me ligou uma moça. "Senhor Marcos, bom dia. É da Pró-Vacina. Para lhe informar que já recebemos a antigripal de

A Canção do Milton e o Meu Tio Negro

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Existia uma publicação de origem americana muito popular no Brasil ao longo de mais de cinco décadas chamada "Seleções Reader´s Digest". Falei "existia", no passado, mas pode ser que ainda seja encontrada em bancas de jornais. Eu era um rato de banca, comprando diversas revistas por semana. Hoje sequer entro nelas. Nas poucas que existem, desaparecidas que estão sendo, da mesma forma que as lojas de discos. Focada em matérias leves, abordando diversos temas do dia a dia, em auto-ajuda, talvez hoje esteja fora de sincronia com esses tempos estranhos. A revista fazia algumas promoções para assinantes. Por exemplo, a possibilidade de adquirir algum item exclusivo a um preço convidativo. Numa dessas encomendei uma caixa com cinco CDs do Milton Nascimento chamada "Uma Travessia Musical", contendo o principal de sua obra dos anos 70, incluindo gravações inéditas. Isso deve fazer uns 20 anos. Mas não tenho certeza. A marcação da passagem do tempo anda meio

De volta ao outono

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Desde fevereiro não escrevo nada aqui no blog e bem pouco nas redes sociais. Por um lado acho que falta disciplina de minha parte para rotinizar o ato de uma coisa que gosto tanto de fazer. Por outro acredito que um bom texto sai por impulso, de uma ideia e da própria necessidade de expressão. Dividido entre esses dois polos vou me equilibrando. A chegada do outono é um momento sempre inspirador e me sentei para digitar algo enquanto aguardo um compromisso marcado para daqui a pouco. Mas me lembrei que por mais de uma vez havia escrito alguma coisa sobre o outono. Fui procurar e achei uma das crônicas. Apesar de ter sido feita há dois anos, gostei do que li (fato raro pois sempre podemos melhorar). Assim, ao invés de produzir algo novo, resolvi reproduzir o texto. Alguns dos meus 17 leitores se lembrarão. Humildemente acho que vale a pena ler de novo. Certa vez Carlos Drummond de Andrade "conversou" com uma amendoeira na manhã do primeiro dia de outono: " (...)

Phil Collins e seu suave caminhar de bengala

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Tenho lido menos livros do que gostaria. Há vários nas estantes aguardando seu momento. Ultimamente tem me atraído autobiografias de artistas da música. Esses dias me questionei porque esse direcionamento uma vez que minha preferência sempre foi por obras de ficção. Acredito que por trás disso há uma questão existencial: essas confissões escritas sempre trazem à tona a velha questão dos sentidos da vida. Ou, porque aconteceu isso desta forma e não aquilo de outra forma? Sobretudo desses astros acima dos 60. Acho que ninguém escreve autobiografia antes dos cinquenta né!? A não ser que, de forma muito otimista, coloque como complemento o subtítulo "Volume 1"! Acidentalmente descobri que o baterista, cantor e compositor Phil Collins escreveu em 2015 uma obra chamada "Ainda Estou Vivo – Uma Autobiografia" ("Not Dead Yet: The Autobiography", no original). Foi lançado no Brasil ano passado pela Best-Seller. Não li ainda. Apenas resenhas e trechos - mas já

Seiva de Alfazema

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Em época de moda de barbas longas, mantenho a tradição e me barbeio todos os dias. Nunca deixei de fazer isso, embora tenha a curiosidade de me ver ao estilo da época de Cristo. Acho que não ficaria mal pois, tendo a característica de barba cerrada, estaria dentro dos moldes atuais preconizados pelos personal stlysts . No entanto, quase sexagenário, estaria mais para Papai Noel do que John Lennon nos bons tempos. E, com esse calor, melhor adiar qualquer tipo de pretensão nessa área. Por isso, provavelmente o artigo de perfumaria que mais uso é a loção pós-barba e estou sempre em busca das mais atrativas. Nos tempos que a memória mal alcança só existia a marca Bozzano, ainda encontrável por aí. Hoje as farmácias e perfumarias tem uma infinidade de opções em creme, gel, etc. Conheço todas mas, precisando renovar o estoque de uso diário, resolvi buscar na Internet marcas diferenciadas. Encontrei o que estava buscando em um site famoso de importação de perfumes. E é aí que está o prob