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Mostrando postagens de setembro, 2016

John Coltrane: um amor supremo e a chegada da primavera

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Quando vou fazer alguma tarefa ou ler um bom livro costumo colocar um fundo musical. Na verdade acho que é o contrário: trabalho ou leio enquanto fico atento ao que talvez seja o principal - a música. No caso das leituras consigo achar facilmente a trilha-sonora adequada. Obviamente também quando estou escrevendo, de acordo com o tema. Até quando dirijo, manter o foco na estrada não é problema quando o fundo musical é correto. Hoje ouvi Miles Davis ("Kind of Blue") e John Coltrane ("A Love Supreme"). Não é uma música que - a meu ver - funciona bem durante o dia. Jazz é música noturna. A não ser que seja um dia chuvoso ou pelo menos nublado e frio. Para mim Jazz não combina com sol forte. Uma estratégia para nossos dias tropicais é optar pelo estilo Smoth Jazz, que tem uma leveza rítmica e melódica mais solar, inclusive com fortes conexões com a música brasileira, Bossa-Nova entre elas. Mas esse gênero merece uma dissertação à parte. Na hora em que ouv

Ao Cair da Noite

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Essa frase que uso como título é uma referência a uma sensação sentida a cada fim do dia: o anoitecer me perturba. Na verdade há um exagero literário aqui. Não me incomodo diariamente às 18 horas. Até porque é um momento sagrado na liturgia católica que eu aprendi a observar: Ave Maria! Até nem deveria, pois minha formação inicialmente batista e depois espírita kardecista me deixariam à vontade para não dar relevância a isso. O que pelo menos dá uma pista da minha volatilidade religiosa. Mas isso é outro assunto. Seria o anoitecer uma metáfora dos fins dos tempos ou, pelo menos, a recordação da finitude de todas as coisas? Ao término da claridade me sentiria como que lembrado de que meu tempo urge? Seria esse o motivo dessa leve perturbação? Nem tão dramático assim, afinal é na noite que os grandes mistérios e segredos se fazem acontecer. Transgressões, quebra de regras, beleza da lua refletida no mar, brilho das estrelas, luzes indiretas que passam através das casas envidraça

Quando Entra Setembro

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Poderia começar essa pseudo-crônica com uma frase poética do tipo "um dourado luar sobre aquela noite tropical". Mas não estou conseguindo obter a sutileza que versos e sensações exigem. O fato é que setembro chegou e eu tenho a impressão que existe algo fora de ordem. Não, nem tanto. Não seria a primeira vez. Na verdade o normal é um certo desconforto com a proximidade do fim de mais um ciclo anual. Por outro lado, qual a importância de estar "de acordo com a ordem estabelecida"? A primavera vai chegar e com ela a sinalização de que o verão não está distante. Mas agora brilha o sol de agradável luz pálida e o panorama noturno é embalado por amena temperatura que nos convida a parar para olhar o céu. A vida acontece entre os verões. No verão hiberna-se - próximo ao mar, se possível ou na serra - neste quente estado litorâneo. E muita coisa aconteceu neste entre-janeiros. Pela janela da alma vejo com lentes de vidro que eventualmente podem distorcer a real